Eu fui lá e vi onde a miséria não escolhe cara e maltrata corações
Onde o nível de sofrimento deixa o povo sem opiniões
Onde migalhas de nada os deixa cheio de emoções
Onde nunca se ouviu falar de promoções
Comissões nem lucros de prestações
Os uivos estranhos deixam rostos sem expressões
Medo dos espíritos acreditados fomenta superstições
Onde a gravidez é o desporto favorito
E o trabalho deixa o povo faminto
Os considerados lúcidos são ludibriados
E todos se levantam, mas cedo q a madrugada
E o trabalho dos bêbados é a pancada
Só nas rádios e fofocas é q se ouve a falar de almofada
Não há pai natal, não há chopping não há contos de fada
Há sonhos, mas de não se realizar nada
Descalças com fome e roupas furadas
Não há TV não há tecnologia nem diferente camada
Eu levantava todas as madrugadas
E observava o infinito que me rodeava
Vi um caminho que nunca terminava
Era a trilha que para o sofrimento diário os levava
Quase chorava, mas nada adiantava
As noites lá são, mas duras
A vida lá é, mas dura
A atmosfera é, mas pura
Mas isto não impede com que um homem chora
Fez-me perceber que Jesus volta e não demora
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